BADWATER ULTRAMARATHON – WORLD’S TOUGHEST
A BADWATER 135 ULTRAMARATHON (BAD135),
é considerada a corrida a pé mais difícil do mundo – WORLD’S TOUGHEST. Com um
percurso de 135 milhas (217 Km), que só pela distância já seria
uma dificuldade elevada, porém nesta prova têm-se muitos fatores agravantes,
que veremos mais à frente.
CAPÍTULO
1
A SELEÇÃO
Por ser a mais difícil Ultramaratona do planeta,
competir na BAD135 é um grande sonho
de muitos Ultramaratonistas, porém as vagas são limitadas a 100 atletas por ano
e como o intuito é ter o máximo de atletas com efetiva possibilidade de
concluir a prova, a organização da corrida, feita pela AdventureCORPS, faz uma
rígida seleção destes atletas.
Funciona da seguinte maneira: ninguém pode
simplesmente se inscrever na prova, tem que primeiramente se qualificar e
depois enviar seu currículo para uma segunda grande etapa da seleção.
Para se qualificar o atleta deve ter alguns
pré-requisitos estipulados pela organização. No caso de nós Brasileiros e
sul-americanos a melhor forma é competindo na BRAZIL 135 ULTRAMARATHON (BR135),
prova de mesma distância realizada todos os anos em janeiro na Serra da
Mantiqueira entre os estados de São Paulo e Minas Gerais em percurso totalmente
montanhoso. No entanto também a BR135
também tem sua seleção, onde os atletas devem comprovar experiência prévia em
provas de endurance para poder ser
selecionado, então já se pode ver que nada é fácil de conseguir, isto tudo até
ser oficialmente aceito para uma destas provas. Uma vez aceito para a BR135 o atleta deve completar a prova
num tempo máximo de 48 horas para se qualificar para a BAD135.
Cabe-se ressaltar que existe uma Copa do Mundo de
Ultramaratonas em ambientes extremos, chamada de BAD135 World Cup,
composta de três competições independentes:
* BADWATER 135 ULTRAMARATHON –
realizada na California / EUA, com
característica predominante de calor extremo;
* ARROWHEAD 135 ULTRAMARATHON –
realizada em Minnesota, extremo norte
dos EUA, com característica
predominante de frio extremo;
* BRAZIL 135 ULTRAMARATHON – realizada
na Serra da Mantiqueira, com característica predominante de montanhas.
Eu obtive minha qualificação para a BAD135 na BR135 realizada em janeiro de 2014, a qual finalizei em 35h20min00seg.
Com esta qualificação fiquei habilitado a enviar meu
currículo para seleção da prova. O currículo na verdade é um extenso
questionário onde o atleta coloca seus principais resultados em provas de endurance, ressaltando que só é possível
colocar provas com distância mínima de 50 milhas (80 Km) e que sejam oficiais,
com link de resultado com o nome do atleta e também não se admite provas de
circuito fechado com duração determinada (por exemplo: 12h ou 24h). Com isto a
ideia é selecionar entre os qualificados os mais possíveis finalizadores para a
BAD135.
O grande problema é a quantidade de atletas
qualificados em todo o mundo, apesar de no Brasil este tipo de prova estar
ainda crescendo nos EUA e em alguns
países da Europa é muito grande e comum a participação em provas do gênero.
Portanto para a seleção final de análise de
currículos para a BAD135 de 2014 um
total de cerca de 2.800 atletas de
todo o mundo enviaram seus currículos.
Porém no extenso questionário de aplicação tive a
oportunidade ao meu favor de colocar que no ano anterior estive na BAD135 como equipe de apoio (Crew member) do atleta norte americano Mike DeNoma, fato este que é muito bem
visto pela organização.
Após uma ansiosa espera saiu a lista de aceitos (Entrant Roster) com 100 atletas de 25 países do mundo e lá estava: Cristiano Marcelino, from Brazil!
CAPÍTULO
2
OS
PREPARATIVOS NO BRASIL
Agora oficialmente aceito para a BAD135 começava a corrida para
formalizar a inscrição. Havia uma lista de espera de muitos atletas aguardando
uma não efetivação da inscrição para entrar em uma das vagas.
Eu deveria primeiramente efetuar o pagamento da
caríssima taxa de inscrição no valor de US$
1.050,00 via PayPal utilizando
cartão de crédito. Isto seria somente a primeira grande despesa para realizar a
prova. Após o pagamento da taxa, tinha que preencher os formulários oficiais da
competição e enviar os originais assinados via Correios, que deveria chegar para a organização da prova, na California, isto tudo com um prazo de
pouco mais de uma semana.
Feito isto a inscrição foi oficialmente efetivada.
Agora o próximo passo seria definir minha equipe de
apoio (Support Crew) que
obrigatoriamente deveria ser composto de no mínimo um carro e dois tripulantes,
sendo pelo menos um com fluência em inglês e carteira de habilitação – Crew Chief. Ainda seriam admitidos mais
dois tripulantes (atingindo o número máximo permitido de quatro) e se desejasse
poderia ter alguns outros, mas que não poderiam estar presente no percurso da
corrida, somente em um ponto determinado (Lone
Pine) onde seria a largada da corrida e passando novamente no KM 73 e KM 197,
a partir deste ponto estes tripulantes extras poderiam acompanhar também a
prova até a linha de chegada.
Com isto agora os gastos seriam vertiginosamente
aumentados. A corrida é realizada no meio do mês de julho, que é altíssima
temporada nos EUA, que deixa todos os
preços bem mais caros. Teríamos que ter uma passagem de ida e volta para a
costa oeste norte americana, tendo como opções as cidades de Los Angeles ou Las Vegas – escolhemos Las
Vegas por ter melhores preços.
Primeiramente definimos que minha esposa, Nilce,
seria a primeira confirmada e que nosso filho, Filipe, não iria, pois ele
estaria em período de aulas, além do que os custos aumentariam e também
tínhamos espaço limitado em nosso carro de apoio.
Porém somente com a ida minha e de Nilce, incluído
os custos de passagens, hospedagem, gastos em terra e com a corrida, estimamos
um orçamento inicial de US$ 8.000,00.
Teríamos agora que completar nossa equipe, que além
de serem pessoas de extrema confiança com experiência em apoio em provas deste
gênero, deveriam também arcar cada um com suas despesas.
Depois de muita negociação com amigos definimos da
seguinte forma nosso Crew:
* Rodrigo
Sampaio – Crew Chief (também
esteve comigo na BR135)
* Marcelo
Sampaio (esteve comigo na Ultramaratona dos Anjos, BR135 e dois El Cruce)
* Nilce
Marcelino (apoio em todas as ocasiões)
* Carla
Bogéa (minha nutricionista)
* Marta
Guimarães (apoio extra em Lone Pine
e final da prova)
Com isto definido agora seria comprar as passagens,
reservar hotéis e carro, além de preparar tudo que seria levado para a corrida,
incluindo os itens obrigatórios exigidos. Ah, devia também continuar o
treinamento árduo! A grande diferença seriam as sessões semanais de treinamento
dentro de sauna seca, além de treinos em serra e altitude.
E por fim, na verdade concomitantemente desde o
começo, buscar todos os apoios financeiros e materiais possíveis.
CAPÍTULO
3
A VIAGEM
Embarcamos seis dias antes da largada com destino a
Las Vegas, grandiosa cidade no meio
do deserto de Nevada. Inicialmente
fomos eu, Nilce, Marcelo e Rodrigo e nosso voo tinha escala de uma noite na Cidade do Mexico, capital Federal
Mexicana.
Las Vegas
já era uma excelente boas-vindas para o clima que teríamos na corrida. Sempre
com temperaturas superiores a 40° C e com ar extremamente seco. Além de
conhecer a cidade da forma tradicional também o fazíamos correndo, já
aclimatando mais um pouco.
Dois dias depois chegaram a Las Vegas o restante de
nossa fabulosa Equipe: Carla e Marta.
Agora já estávamos em quase ritmo de prova, com
treinos em conjunto e ainda aproveitamos para visitar a represa Hoover Dam, uma das maravilhas da
engenharia americana na divisa dos estados de Nevada e Arizona.
Visita a Hoover Dam – divisa
entre Nevada e Arizona
Enquanto isto fomos comprando todo o restante do
material que iríamos utilizar na prova, muita coisa mesmo, ainda bem que
conseguimos um Ultra carro, um Toyota
Sienna, minivan de oito lugares e
muito espaço.
Nosso Ultra carro de apoio
CAPÍTULO
4
PRE-RACE
Faltando dois dias para a largada fomos para o Death
Valley, conhecer a Badwater Basin e ficar um dia
hospedado em Furnace Creek, a 30 quilômetros
do ponto mais baixo dos EUA (85,5
metros abaixo do nível do mar), sendo o lugar mais quente do mundo com recorde
de 57° C. Mais aclimatação...
Death Valley – o lugar mais
quente do mundo
Faltando um dia para a largada nos encaminhamos
para Lone
Pine, a 200 quilômetros de Badwater
Basin, ponto de largada e sede da 2014
BAD135.
Agora já estávamos dentro da prova, seguindo todo o
cronograma oficial.
A primeira atividade era a pegar o kit da prova (melhor kit que já tive em toda minha vida) e
entregar a documentação exigida de todos os componentes da Equipe, depois fotos
oficiais e Pre-race meeting.
Fotos oficiais - BAD135
registration
Nesta reunião pré-prova podemos tirar todas as
dúvidas remanescentes além de ver a alegria e congraçamento entre todos os
atletas e Equipes.
Foto oficial de todos os
competidores
Agora era esperar a largada no dia seguinte!
CAPÍTULO
5
A PROVA
A 37ª edição da BAD135,
uma das mais tradicionais Ultramaratonas do mundo, teve várias alterações
devido a decisão federal sobre revisão de segurança sobre eventos esportivos
dentro de Parques Nacionais. O primeiro foi o Death Valley National Park, que acabou proibindo todos as
competições – cerca de 12 – durante o ano de 2014. Com isto foi incluso no
percurso duas grandes montanhas, que a meu ver dificultou em muito o percurso
da prova. Ano passado quando estive na BAD135
como Equipe de apoio pude ver como era o percurso original em sua totalidade,
além de correr nele em torno de 60 Km.
Neste ano a prova tinha largada em Lone Pine, aos pés do Mount
Whitney, maior montanha dos EUA
(excetuando o Alaska).
Percurso da 2014 BAD135
Os 100 atletas são divididos em três ondas de largada
– 6am, 7am e 8am – nas quais os
atletas mais rápidos ficam na última e os mais lentos na primeira. Dois meses
antes da largada foram divulgados os números e ondas dos atletas.
Gostei muito, fiquei na Wave 7am com o BIB #15.
Isto significava, entre outras coisas, que teria a oportunidade de passar os
atletas mais lentos e ser passado pelos mais rápidos, assim encontraria muitos
atletas durante a prova, sendo um estímulo extra.
CAPÍTULO 6
A LARGADA
O dia amanheceu com céu totalmente límpido,
prometendo um dia de sol extremamente quente para a BAD135.
Ponto de largada da 2014
BAD135
Éramos cinco atletas brasileiros, recorde de
participação brasileira em todas as edições da BAD135, no entanto os outros atletas brasileiros largaram na Wave 6am – Simone Valentin (de SP,
morando na Florida/EUA), Solane Machado
(de Uberlândia / MG), João Morelli (de Campinas / SP) e Carla Goulart (de MG,
morando em Minnesota/EUA).
Momentos antes da largada foi realizada a pesagem
oficial, que deu 165 libras (74,8 Kg).
Pesagem oficial
Logo após palavras do diretor da prova seguido de
Hino Nacional dos EUA. As 7am foi dada a largada da prova!
Largada Wave 7am
CAPÍTULO 7
TRECHO 1 > LONE PINE (START) -
HORSESHOE MEADOWS: Mile 0 – 23 (Km 0 – 37)
O trecho inicial da prova consistia em uma longa
subida de 37 quilômetros de extensão pela Tuttle Creek até o Horseshoe Meadows, levando os
atletas a sentirem os efeitos da altitude, que no ponto mais alto foi de 10.115
pés (3.083m), além da duríssima e
interminável subida.
Nos primeiros 73 quilômetros de prova não era permitido
ter pacer junto com o atleta, somente
o carro ir parando para fazer o auxílio. Além disto, os primeiros 6,6 quilômetros
de prova o carro não acompanhava, indo por um desvio. Então já larguei para
este trecho inicial levando uma garrafa d’água e gel para tomar com 30min. A
beleza era surpreendente, mas nem um pouco fácil, por conta da predominância de
subidas, no entanto era tipo tobogã com algumas pequenas descidas curtas
seguidas de subidas íngremes.
Trecho inicial da BAD135 –
KM 4
Com pouco mais de 40min encontrei meu carro de
apoio já adotando o esquema de apoio da prova, com hidratação constante e
suplementação a cada 30min.
Trabalho em conjunto na
longa subida inicial – KM 15
A subida foi implacável e com pouco mais de 2h de
prova já passava a marca de 2.000 m de altitude e do KM 20.
Mais à frente já comecei a passar os corredores
mais lentos que largaram uma hora antes de mim, fazendo questão de cumprimentar
a todos.
A altitude junto com o ar seco já dificultava em
muito a respiração, até preferi seguir sem usar a cinta do monitor cardíaco
para ver se facilitava o trabalho dos pulmões.
A altitude dificultando o
início da prova – KM 22
Apesar de não esperar isto neste momento passei a
brasileira Solane Machado e logo após a Simone Valentin, que tinham largado às 6am.
Com 3h40min chegava quase à altitude de 3.000 m e
passando da marca do KM 30, tinha agora uma descida de quase 2 quilômetros para
retomar a subida até o topo.
Nesta subida final passei o brasileiro João
Morelli, que também largou às 6am.
Cheguei a Time Station #1 (HM1) com o tempo
oficial de 4h18min, me sentia muito
bem e feliz por chegar ao ponto mais alto da prova.
Chegando a Time Station #1 – KM 37
CAPÍTULO 8
TRECHO 2
> HORSESHOE MEADOWS - LONE PINE: Mile 23 – 45 (Km 37 – 73)
Ainda na área do Posto de Controle, vi a brasileira
Carla Goulart, que largou às 6am. Ela
estava sentada, parece que fazia uns ajustes nós pés. Falei com ela, que disse
que estava tudo bem e falei para ela segurar o ritmo neste trecho que a longa
descida iria nos maltratar.
Com isto, neste trecho inicial da prova já passava
todos os outros brasileiros da prova. Não tinha a nenhuma intenção de disputar
com eles, mas eram referências que eu tinha de tempo e desempenho pelas outras
provas que já tínhamos feito juntos.
Logo à frente, já combinado com minha Equipe, fiz
uma parada rápida para trocar meias e tênis. Iniciei com o ASICS GEL-SAROMARACER e agora colocava o ASICS GEL-CUMULUS 15, Aproveitei para comer algo e já segui
rapidamente.
Equipe de apoio auxiliando
para a retomada na longa descida – KM 38
Fiz o trecho inicial da descida com cautela, sem
ganhar muita velocidade, mas logo chegando à pequena subida que tinha descido
na vinda, retomando a longa descida em seguida.
O panorama era ótimo, somente declive que dava para
ser feita com bem mais tranquilidade que no sentido inverso, além do que a
altitude agora só diminuía, facilitando a respiração.
Alguns minutos depois a Carla Goulart me passou
muito rápido e logo percebi que ela iria pagar o preço disto, pois eu tinha
tirado uma hora dela na subida inicial e agora ela estava absurdamente fora do
ritmo. Alguns quilômetros depois fui chegando nela e a passei já vendo que ela
não estava bem. Mais tarde soube que ela desistiu da prova ao chegar à Lone Pine (KM 73), sendo a primeira
baixa brasileira, uma pena.
A descida de volta à Lone
Pine – KM 60
Os últimos 6,6 quilômetros até Lone Pine eram os mesmos iniciais que o carro não podia ir. Vendo
que já estava extremamente quente e que só iria piorar, pois entraríamos na
parte mais quente da prova, pedi a minha Equipe que adiantasse para o hotel que
eu iria tomar um banho na banheira do hotel (muitos atletas fazem isto nos coolers gigantes transportados em seus
carros de apoio).
Este trecho sem carro foi muito sinistro, levei uma
garrada d’água, mas não deu conta, pois o sol estava torrando e o trecho era de
asfalto com muitas gigantescas pedras ao lado que irradiavam o calor, além de
várias subidas curtas e íngremes. No final do trecho fui salvo por um rio
(oásis) que peguei água para me refrescar, pois já vinha economizando água pelo
trecho inteiro.
Ao chegar ao mesmo ponto da largada encontrei com
minha Equipe. O hotel ficava a duas quadras de lá, então colocamos o número
imantado do carro de apoio no chão e entrei no carro para ir ao hotel mais
rápido (manobra permitida pela prova, bastando voltar para o mesmo local
marcado). Falaram-me que colocaram gelo na banheira, porém ao chegar ao hotel
vislumbrei a piscina e preferi entrar lá mesmo de roupa inteira, só tirando os
tênis. Deu para refrescar bastante por uns dois minutos e saí já trocando de
roupa e meias ali mesmo, depois voltando rapidamente ao carro de apoio e ao
local da prova.
Rápida parada em Lone Pine –
KM 72
De lá segui para a Time Station #2 (LP2) montada
no Dow
Villa Motel, chegando com o tempo oficial de 8h15min, ainda me sentia muito bem, porém sabia que tinha uma parte
duríssima da prova pela frente.
Chegando a Time Station #2 – KM 73
CAPÍTULO 9
TRECHO 3
> LONE PINE - KEELER: Mile 45 – 59 (Km 73 – 95)
Um trecho de 22 quilômetros planos, porém sendo
praticamente uma só reta e bem quente e árida seguindo pela Highway 136.
A partir daqui já podia ter a todo o momento um pacer comigo, que ajudaria a dar um
estímulo extra, levar água etc. Rodrigo veio comigo quase o tempo inteiro neste
trecho e conseguimos impor um bom ritmo, mas sem forçar muito.
Apoio da Equipe bem mais
perto agora – KM 79
Em seguida temos um pequeno desvio da rota
principal – Dolomite Loop Road – com oito
quilômetros praticamente paralelos ao trânsito principal, onde os carros passam
velozmente pelos corredores.
Não tive muito problemas neste trecho e o calor foi
controlado com o uso de borrifador e gelo em volta do pescoço.
A beleza árida do deserto,
rumo a Keeler – KM 90
A ideia inicial seria chegar a Keeler quase que escurecendo, porém vimos que conseguiríamos muito
antes.
Cheguei a Time Station #3 (KE3) com o tempo
oficial de 10h57min, estava bem e
agora tinha que encarar a parte mais temida da prova.
CAPÍTULO 10
TRECHO 4
> KEELER - CERRO GORDO: Mile 59 – 67 (Km 95 – 108)
Nos próximos 26 quilômetros não teria apoio do
carro, somente sendo permitido um pacer
neste trecho e Nilce foi escolhida para isto, devendo levar a mochila com tudo
que iríamos precisar (coletes refletivos, head lamps, agasalhos, alimentação,
hidratação etc).
Este trecho seria duríssimo, com uma subida
contínua de 13 quilômetros pela Yellow Grade Road em estrada de
terra com pedras soltas e novamente enfrentando a altitude até o topo do Cerro
Gordo.
Antes de iniciar a subida deitei no assoalho do
carro por uns cinco minutos, assim minha Equipe fazia os ajustes finais no
equipamento e trocavam minhas meias e tênis. Coloquei o ASICS GEL-FUJI TRABUCO para subir a trilha. O calor inclemente
começava a diminuir e logo iríamos sentir frio.
Combinamos que nossa Equipe voltaria à Lone Pine para reabastecer enquanto
subíamos e voltávamos ao mesmo ponto. Estimamos que não voltaríamos antes de 3
horas e meia.
Iniciamos a subida caminhando rapidamente e logo
pensei que assim que a inclinação da subida aliviasse um pouco eu iria voltar a
correr. Em poucos minutos surgiu o primeiro imprevisto: perguntei a Nilce onde
estava as head lamps e para minha
surpresa ela disse que esqueceu no carro! Falei para ela que teria que voltar
para pegar, pois eu poderia ser impedido de continuar ou desclassificado se
anoitecesse e estivesse sem lanternas. Ela voltou correndo…
O problema que seria muito provável que nossa
Equipe já tivesse voltado para Lone Pine
e ia ser difícil conseguir lanternas emprestadas, apesar de ter alguns carros
de apoio parados lá aguardando seus atletas, ela não fala inglês e ia ser uma
dificuldade.
Disse para ela que eu ia andando devagar até que
ela me alcançasse ou que esperaria no posto de água e gelo, que ficava na
metade da subida. Pouco depois que ela desceu, vi o carro médico da prova
descendo do topo da montanha em minha direção. Parei e conversei com a médica
da prova, explicando o ocorrido e perguntei se ela poderia pegar Nilce lá
embaixo e traze-la de volta com as lanternas, porém ela disse que não poderia
fazer, pois todos os atletas teriam que ter as mesmas condições. Não quis
argumentar, mas não concordei, pois até se fosse para levar eu mesmo para baixo
e voltar de carro poderia ser feito, só não podia era andar para frente com o
carro, mas tudo bem e segui caminhando subindo.
Alguns minutos depois, Nilce já devia estar lá
embaixo e avistei o carro do diretor de prova subindo. Muito atencioso o Chris
(diretor) me perguntou onde estava meu pacer
e expliquei o acontecido, ele perguntou se eu tinha água, eu disse que não,
então ele de imediato me deu uma garrafa de água mineral lacrada e disse que
desceria para buscar ela. Excelente!
Continuei seguindo, agora mais rápido e algum tempo
depois o carro estava de volta com Nilce portando duas head lamps e agradeci ao Chris que seguiu para o topo. Como
desconfiei, o nosso carro de apoio já não estava mais lá embaixo e Nilce se
virou para conseguir a lanterna (através de mimícas), depois que conseguiu uma
com a equipe de outro atleta dos EUA
o Chris chegou para resgatá-la e ainda emprestou outra lanterna a ela.
Perfeito!
Duríssima subida do Cerro
Gordo com Nilce no apoio – KM 98
A subida não aliviava e nós continuávamos
caminhando rápido, porém após o posto de água e gelo a inclinação se acentuava
e com quase 13 horas de prova novamente já estávamos acima dos 2.000 metros de
atitude e a dificuldade era muito grande. O sol começava a sumir atrás das
montanhas e a escuridão chegava rapidamente.
Últimos momentos do sol já
acima dos 2.000 metros de altitude – KM 103
Até o topo tive que fazer duas os três paradas rápidas
para recuperar, respirar e seguir, mesmo sentando nas pedras o fôlego demorava
a voltar.
Última parada antes de
chegar à Ghost Town – KM 106
Chegamos ao topo do Cerro Gordo – 2.586 metros
de altitude, na tão esperada Cidade
Fantasma (Ghost Town) onde no American Hotel foi montada a Time
Station #4 (CG4), com o tempo oficial de 13h52min, sentamos para dar um ajuste nos pés, hidratar, agasalhar
e acender nossas luzes para descer. Mais tarde soube que o João Morelli
desistiu da prova no topo da montanha, somente restando três atletas do Brasil
na prova.
CAPÍTULO 11
TRECHO 5
> CERRO GORDO - KEELER: Mile 67 – 75 (Km 108 – 121)
Teoricamente seria bem mais fácil para baixo, porém
tínhamos alguns agravantes, tais como escuridão total, trechos íngremes e com
pedras soltas, além do cansaço acumulado. Nilce tinha cuidado redobrado por
conta dos imensos desfiladeiros ao nosso lado sem nenhuma proteção. Como ponto
a favor tinha a horda de atletas ainda subindo, que acabava sendo um bom
estímulo por eu já ter vencido esta dura subida.
Tive que fazer uma rápida parada para fazer
curativo nos pés já maltratados pela dura descida de pedras soltas.
Aos poucos as luzes dos atletas subindo passaram de
espaçadas para constantes e logo conseguimos visualizar as luzes dos carros de
apoio, era questão de tempo para voltarmos para a Highway.
Final da descida do Cerro
Gordo – KM 120
Chegamos a Keeler
com o tempo oficial na Time Station #5 (KE5) de 15h35min, decidi deitar por uns cinco minutos
só para aliviar a coluna, sem dormir, para depois voltar ao asfalto, já de meias
e tênis trocados. Coloquei o ASICS
GEL-CUMULUS 15 LITE SHOW para este trecho noturno de asfalto.
CAPÍTULO 12
TRECHO 6
> KEELER - DARWIN: Mile 75 – 91 (Km 121 – 146)
Agora seria um trecho cruel, pois são 25 quilômetros
de praticamente uma só reta de subida leve no meio da escuridão pelas Highway 136 e 190. A madrugada já estava perto e o jogo de luzes dos carros de
apoio nos enganam em muito. Por várias vezes se vê uma luz à frente, pensando
está a uns dois quilômetros, porém está a mais de dez quilômetros.
Neste trecho tive como pacer a Carla, que fez quase tudo comigo. Porém nesta hora da noite
começou a bater o cansaço e tive que fazer umas duas paradas para tentar descansar
um pouco (cerca de 15 min).
A longa madrugada subindo
até Darwin turn-off – KM 130
O maior problema era a reta interminável, parecia
não chegar nunca em Darwin turn-off. A minha Equipe me ajudou muito, mas foi muito
duro chegar ao topo desta montanha. O calor deu lugar ao frio e tive que
colocar o corta vento Kailash e mais tarde o fleece Kailash.
Chegamos a Darwin
com o tempo oficial na Time Station #6 (DA6) de 20h56min, por trás das montanhas logo o
sol começaria a sair, portanto preferi não parar, já seguindo.
CAPÍTULO 13
TRECHO 7
> DARWIN - LONE PINE: Mile 91 – 122 (Km 146 – 197)
Percebi que este seria o pior trecho da prova para
mim, pois seriam agora 51 quilômetros de praticamente uma só reta de asfalto.
Apesar da metade disto ser em descida, ela era leve, não ajudando muito, mas o
grande problema seria o fator psicológico, pois a reta era praticamente
interminável.
Rodrigo estava me acompanhando neste início da
volta para Lone Pine. Comecei ainda
caminhando, mas falei para o Rodrigo que seria questão de tempo para encaixar
um ritmo para voltar a correr e a saída do sol iria me ajudar nisto.
Início do último e
longíssimo retorno a Lone Pine – KM 147
Aos poucos, como previ, fui ficando mais à vontade,
fui tirando os agasalhos e voltei a correr lentamente, fui progredindo mais
rapidamente e me vi correndo bem rápido, mas preferi aproveitar sabendo que
isto não duraria muito tempo e tinha que aproveitar para avançar muitas milhas
rapidamente. Consegui desenvolver um ritmo surpreendentemente forte por muitos
minutos, depois fui diminuindo e encaixei um ritmo confortável por um bom
tempo.
Novamente neste ponto, como vinha de um retorno da
prova, passava por muitos atletas ainda indo para o turn-off, que me dava um estímulo bom, passei novamente pela Simone
Valentin e parei por uns momentos para trocarmos umas palavras de estímulo
mútuo, mais à frente também passei pela Solane Machado e também falamos um
pouco.
Alguns quilômetros à frente tive que parar para
fazer uma visita na mata (#2) por alguns minutos.
Com 23 horas de prova eu passava a marca de 100 milhas, pintada no asfalto e na
medida em que ia chegando a Keeler o
sol se tornava novamente terrivelmente quente, enquanto entrava na parte mais
quente do percurso novamente. Fiz mais uma parada dentro do carro para
descansar por uns poucos minutos e enfrentar os 25 quilômetros que faltavam
para voltar à Lone Pine. Troquei
meias e tênis, colocando de volta o ASICS
GEL-CUMULUS 15.
A temida aridez do deserto
no segundo dia de prova – KM 175
Saberia que seria cruel esta parte, pois estava
muito quente não conseguindo correr e o grande problema é que caminhando
levaria muito tempo neste sofrimento. Todos se revezavam um pouco comigo:
Nilce, Carla, Marcelo e Rodrigo, cada qual dando um pouco de sua contribuição,
mas era muito difícil continuar.
Todos ajudando um pouco para
chegar a Lone Pine – KM 182
Decidi que teria que voltar a correr por qualquer
custo, então marquei em meu GPS a
distância de 100 metros correndo e depois caminhei por 900 metros, logo depois
corri por 200 metros e caminhei por 800 metros e fiz isto até chegar a marca de
800 metros correndo e 200 metros caminhando e permaneci com esta marca
revezando 800mX200m, assim ganhava tempo durante os 800 metros e podia me
hidratar e refrescar durante os 200 metros para retornar ao ciclo. Fiz isto por
uns 12 a 15 quilômetros, mas depois tive que voltar a andar direto, estava
ficando insuportável. Outra rápida parada e continuava, não adiantava ficar
parado, pois só piorava, o dia esquentava mais a cada minuto passado no meio
deste deserto.
A estrada era bem ondulada e nas pequenas descidas
ainda corria um pouco, mas nas retas preferia caminhar.
Já víamos Lone
Pine que parecia estar a poucos minutos, mas quando algum carro passava
velozmente ao nosso lado dava para perceber quanto tempo ele demorava para
sumir de nossa visão rumo à cidade, então percebíamos que demoraríamos muito
mais.
Já bem próximo a saída da Highway para entrar na área urbana de Lone Pine pedi ao pessoal do carro que fosse ao hotel preparar as
coisas para mais um mergulho na piscina e troca geral de equipamento para
seguir na prova.
Fiquei somente com Marcelo e uma garrafa de água,
mas para novamente chegar ao Dow Villa
Motel ainda faltava muito mais que pensávamos e nossa água acabou, porém
alguns minutos depois Rodrigo voltou de carro para nos socorrer, vendo que
realmente era longe de mais.
Após muito sofrimento neste terrível deserto
chegamos a Time Station #7 (LP7) com o tempo oficial de 29h21min, fomos aplaudidos pela grande
quantidade de pessoas que lá estavam e seguimos sem parar.
CAPÍTULO 14
TRECHO 8
> LONE PINE - PORTAL ROAD: Mile 122 – 131 (Km 197 – 211)
Alguns metros adiante fizemos o mesmo esquema de
quando descemos do Horseshoe Meadows,
com o carro de apoio me levando ao hotel.
O calor ainda era absurdamente forte e fui direto
para a piscina do hotel por uns dois minutos para refrescar. A diferença que
desta vez preferi ir ao quarto do hotel e deitar na cama enquanto o pessoal
trocava minhas meias, assim seria uma parada rápida estratégica para enfrentar
os 20 quilômetros finais da prova, constituído de uma única e longa subida ao Mount Whitney.
Última parada em Lone Pine –
KM 198
Logo após o carro me colocou de volta no percurso,
juntamente com Nilce. O restante da Equipe dava os ajustes finais no
equipamento para me encontrar e agora já podíamos ter o apoio integral da Marta
neste fim de prova.
Já tinha previsto que estes quilômetros finais não
seriam correndo, devido a dureza da subida, mas deveria ganhar velocidade na caminhada.
A todo o tempo podíamos ver onde era o caminho que
deveríamos subir na montanha muito íngreme.
O caminho a seguir para cima
do Mount Whitney – KM 199
Logo depois a Equipe chegou, já trazendo borrifador
e gelo para colocar no pescoço para aliviar o calor.
Empenho de todos na subida
final – KM 202
Marta agora assumia o papel de pacer e dava um ânimo extra para este final de prova. Este segundo
dia estava mais quente que o anterior, mas agora eu estava na vantagem de já
ter passado a parte mais quente do percurso e novamente estar subindo uma
montanha mais fresca, coisa que os atletas que foram mais lentos que eu não
aproveitaram.
Subindo para a última Time
Station – KM 205
Todos estavam extremamente cansados e se revezavam.
Carla agora vinha comigo, mas ficamos alguns quilômetros e depois tive que
fazer uma nova e rápida parada no assoalho do carro.
Todos destruídos neste
momento da prova – KM 208
A paisagem era deslumbrante, podia ver o vale que
passamos durante o dia anterior e nesta manhã, porém agora novamente sentia os
efeitos da altitude.
Marta no apoio final – KM
210
Até que vislumbramos a último posto de controle da
prova, a Time Station #8 (PR8) passando lá com o tempo oficial de 33h00min e ouvindo a boa notícia dos staffs na tenda dizendo que faltavam
apenas quatro milhas para a chegada.
CAPÍTULO 15
TRECHO 9
> PORTAL ROAD - WHITNEY PORTAL (FINISH): Mile 131 – 135 (Km 211 – 217)
Agora era realmente o final da prova, pouco mais de
seis quilômetros para a tão esperada linha de chegada. Marta deu lugar a Nilce
como pacer final.
A última troca de pacer – KM
214
Vi a aproximação de equipe de apoio de outros dois
atletas e já pensei que não deixaria que me passassem neste fim de prova, mas
depois soube que eles tinham largado depois de mim e já estavam em minha frente
então relaxei e deixei-os passar cumprimentando pela excelente prova.
Apesar de já ter feito este mesmo trecho ano
passado como pacer, foi de madrugada,
agora estávamos com um bonito sol e não conseguia identificar direito quanto
faltava para a chegada. Pedi para a Equipe de apoio seguir para a linha de
chegada e voltar dizendo quanto faltava. Fiquei com Nilce e eles foram e
rapidamente voltaram dizendo que era menos de um quilômetro. Falei para irem
novamente e estacionarem o carro, depois descerem andando ao meu encontro para
todos chegarmos juntos e novamente eles foram e logo voltaram.
Agora estávamos lá todos uniformizados para o fim
desta jornada de 217 Km, uma jornada que certamente não começou em Lone Pine no dia anterior, mas que veio
desde muitos anos antes com a leitura sobre a prova e começou a se concretizar
em Badwater Basin no ano passado,
onde comecei a desejar muito estar aqui neste ano.
E por fim conseguimos ver todas as tendas montadas
neste maravilhoso paraíso que é o Whitney Portal, ao lado estava lá
ela, a linha de chegada.
A desejada linha de chegada
– KM 217
E com a bandeira do Brasil em mãos e com 34h20min00seg me tornava um BADWATER OFFICIAL FINISHER!
BADWATER OFFICIAL FINISHER
Tivemos nossa cerimônia de premiação, com o diretor
da prova entregando a desejada fivela e a camiseta de Finisher, com direito a fotos oficiais incluindo todos os membros
da Equipe de apoio.
Cerimônia de premiação –
Camiseta e Fivela
Comemoramos comendo um imenso cheeseburger com fritas no Whitney
Portal Store, apesar de que minha boca estava toda rachada e não consegui
comer nem metade do sanduíche.
Fiquei em 24º
lugar na prova, com este duríssimo percurso de mais de 7.000 metros de desnível positivo acumulado, excelente resultado,
pois fui cotado para a largada intermediária da prova, ou seja, entre os 33º e
66º atletas em velocidade. Simone completou em 41h27min e Solane em 45h57min,
com isto fui o melhor brasileiro deste ano. Cabe-se ressaltar que em 37 anos de BAD135 somente 19
brasileiros completaram a prova e eu fui o 5º mais rápido de todos os tempos!
A prova do feito!
CAPÍTULO 16
POST-RACE
Agora era hora de descer o Mount Whitney e o fizemos com uma festa a cada atleta que ainda
subia em direção à chegada, eram muitos. No total foram 83 finishers neste ano.
Após voltar para o hotel, banho e saída para a pizza de nova comemoração! Depois
retorno ao hotel para a tão merecida noite de sono.
No dia seguinte tivemos o encerramento oficial: Post-Race Get-Together com pizzas and drinks onde todos puderam
comer e nos confraternizar com todos os outros atletas da prova e suas Equipes,
seguido de palavras da direção da prova e chamada oficial pelo nome e tempo de
cada atleta finisher da prova, um
excelente encerramento ao nível que a prova merece.
FINISHERS!
Após este término oficial nos despedimos da
charmosa Lone Pine e voltamos à Las Vegas via Death Valley.
Nos despedindo do Death
Valley
Passamos mais dois dias em Las Vegas, nos despedimos de Carla e Marta que já voltavam para o
RJ para competir no final de semana seguinte na Maratona do Rio (42K e 21K,
respectivamente).
Eu, Nilce, Rodrigo e Marcelo trocamos de carro e
fomos para nossa jornada pós BAD135: Las Vegas – Yosemite National Park – San
Francisco – Los Angeles – San Diego – Las Vegas.
CAPÍTULO 17
THE SAN
FRANCISCO MARATHON
Cinco dias após a BAD135 era dada a largada da THE SAN FRANCISCO MARATHON, uma das
maiores maratonas dos EUA com mais de
20.000 atletas.
Nilce estava inscrita para a FULL MARATHON (42K) e Rodrigo e Marcelo para a 1st HALF MARATHON (21K), enquanto eu não quis me inscrever meses
antes, pois nem sabia se seria possível andar após a BAD135. Porém Marcelo acabou se lesionando e desistiu de correr,
dizendo que eu poderia correr no lugar dele, mas nem dei atenção antes da BAD135, só me preocupei com a prova, no
entanto, dias depois como vi que podia andar decidi que iria correr (andar, sei
lá o que fosse...) a meia maratona. Mas tivemos uma boa notícia (será que era
boa?) através de um e-mail da
organização da prova informando que era possível alterar o cadastro da prova
trocando a distância, então chegando à retirada de kits fiz a troca para a FULL
MARATHON e iria correr (...) os 42K!
Pós-BAD135 na The San Francisco Marathon
No dia seguinte estávamos lá às 5h30min da manhã para a largada da
prova. Fiz questão de usar a camiseta de BADWATER
OFFICIAL FINISHER e por conta dela mais de 20 pessoas me parabenizarem
durante a prova pelo meu feito – a BAD135
é muito conhecida e reconhecida nos EUA.
Na largada para a Full
Marathon
A prova foi extremamente difícil, com um desnível
positivo acumulado de quase 700 metros,
sem grande subidas, mas o tempo inteiro num interminável sobe e desce. A beleza
do percurso era incrível, incluindo ida e volta pela Golden Gate Bridge e o
nível de organização foi espetacular.
O melhor de tudo foi que fiz a prova inteira sem
andar, somente nos postos de hidratação, e conclui a prova com um excelente
tempo de 3h58min26seg. Nilce
completou a Maratona em 4h34min24seg e Rodrigo completou a Meia Maratona em
1h46min47seg.
The San Francisco Marathon – Finisher!
CAPÍTULO 18
O RETORNO
Voltamos para Las
Vegas e pegamos nosso voo com escala na Cidade
do Mexico onde pudemos conhecer um pouco desta grande metrópole.
Na Cidade no Mexico
Depois retornamos ao Rio de Janeiro em nosso longo
voo com destino ao Aeroporto do Galeão.
CAPÍTULO 19
AGRADECIMENTOS
Competir na Ultramaratona mais difícil do mundo
exigiu uma soma de forças como nunca tinha feito antes, sem as quais não teria
sido possível acontecer este feito.
A pessoa fundamental foi minha esposa Nilce Marcelino que sempre me apoia em
todas as provas, não importando qual mais louca e dispendiosa for. Quando
decidi competir a BAD135, não foi
diferente, ela me apoiou desde o início, mesmo sendo nossa maior aventura, com
treinamentos duríssimos por centenas de horas, além dos custos altíssimos. Só
nós sabemos tudo que passamos para que isto fosse possível e conseguisse estar
entre os FINISHERS desta prova.
Obrigado meu amor por se sacrificar sempre para conquistarmos nossos sonhos.
Obrigado por me apoiar em toda a mega estrutura pré-prova, por todas as
34h20min de competição (inclusive no parte mais difícil do desafio - o temido Cerro Gordo) e cuidar de mim no
pós-prova. Esta vitória é sua também. TE AMO!!!
Agora às pessoas que viram in-loco tudo com os próprios olhos e tem a noção de tudo que passei.
Agradeço a minha nutricionista, Carla
Bogéa. Juntamente com ele estiveram em minha Equipe de apoio o Marcelo Sampaio, Rodrigo Sampaio, e Marta
Guimarães. Todos eles foram fundamentais para esta conquista!
Não poderia deixar de mencionar o grande trabalho
feito em conjunto com meu treinador, Ezequiel Morales, trabalho duro, mas com
resultados espetaculares!
Sim, teriam muitos outros nomes a escrever, porém
acabaria deixando um ou outro de fora, que seria uma injustiça, muitos fizeram
parte desta trajetória e no nome dos citados acima gostaria de demonstrar minha
eterna gratidão.
Agora materialmente falando (e financeiramente),
foram MUITAS as empresas e pessoas que me ajudaram, incluindo muitos amigos (do
Brasil e de outros países), além de vários que até então eram desconhecidos,
mas fizeram questão de ajudar a este brasileiro a enfrentar a corrida mais
difícil do mundo!
Através da marca e nome das empresas abaixo
gostaria que todos que colaboraram materialmente para esta vitória se sentissem
agraciados:
Babylândia e Atuação Escola Bilíngue
Protreina Consultoria Nutricional
Kailash
Barcellos Sports
3A Distribuidora
Pharmactive Farmácia de Manipulação e Homeopatia
Valle Bem Estar
EZK Team
Obrigado meu Deus por permitir que eu tivesse forças para superar cada um doas 217 Kms desta magnífica corrida!
Thank you God for allowing me to have the strengh to overcome each of the 135 miles of this magnificent race!
Beijos e abraços! Kisses and hugs!
Cristiano Marcelino - BADWATER OFFICIAL FINISHER